Autor: Luiza Salazar
Ano: 2011
Título original: Os Sete Selos
Páginas: 360
Tempo de leitura: 17 dias
Sim. Eu demorei mesmo esse tempo todo de leitura porque Os Sete Selos, mesmo que tivesse me ganhado pela incrível capa e pela sinopse não se mostrou muito atraente nas primeiras páginas. Havia pouca explicação sobre a época em que se passa (Até agora não sei, se passa no presente ou no futuro?) e a narrativa preenchia muitas páginas e pouco espaço havia para as falas.
A Torre Oval ficava a menos de quinze quilômetros da casa de Lara. Era um prédio branco de vinte andares feitos de vidro azul do chão ao teto. O hall de entrada era sustentado por pilares branco com uma série de frases terrivelmente nostálgicas. Entre eles havia uma quantidade exagerada de estátuas de metal fosco que conferiam ao edifício um toque "comum", o que era ridículo já que ele se destacava em cor e tamanho de todas as construções acizentadas ao seu redor. Um jardim com uma fonte que agora estava desligada se posicionava entre a rua e a porta de vidro jateado de mais de três metros de altura, pela qual Lara passou para ganhar acesso ao interior do prédio.
Mas houve um momento, lá pela página cento e pouco que foi mágico. Realmente me surpreendeu e me fez querer ler o livro. Luiza largou a narrativa um pouco sem-graça e sem mostrar muito da história para nos deixar apreciando milhares de informações jogadas sem dó nem piedade. E, confesso, você tem que ler, pensar um pouco e só depois retornar. Pois muitas coisas acontecem juntas, cenas de ação são descritas, ao mesmo tempo que várias descobertas são feitas pela personagem principal.
Falando nisso, agora que percebi que não lhe expliquei a história. Bem, a trama gira em torno de Lara Carver uma funcionária da Agência, uma espécie de CSI para eventos sobrenaturais, ela sempre investigou muitos eventos desse mas há um em Paris muito diferente de tudo o que ela já viu e lutou contra. Ela é designada a investigar junto a um demônio e assassino de seu pai e pede também que seu ex-namorado e amigo de infância, vá com os dois.
O que Lara encontra quando chega lá vai muito além do que ela imaginava. Ela começa a suspeitar de que o Anjo-Maior Gabriel esteja por trás disto, estando uma busca desenfreada atrás de uma coisa que ela tem de descobrir e depois arranjar um jeito de destruir. Mas ela não tem pistas e seu oponente, o anjo, está bem mais equipado com força e preparação do que ela, que nem sabe com o que está lidando.
Nick ajeitou a jaqueta azul escura do uniforme e dirigiu sua fala a Lara, demorando a recuperar a compostura.–– Agente Carver –– Oh Deus ele estava realmente irritado –– Ele veio com você?
A escrita é em terceira pessoa, flui bem, mas em determinados pontos, percebe-se que fica por muito tempo empacado em uma ação e descrevendo muito alguma coisa e em outros pontos, também dá para ver que a Luiza pode ter esquecido de explicar mais. Como sobre as criaturas como os Espectros, os Cavaleiros, as outras dimensões para qual Lara viaja...
Porém, de uma coisa que não posso reclamar é da diagramação absurdamente linda da editora Underworld, eles fizeram toda uma preparação especial para o livro, desde o número das páginas, a fonte do livro, os quotes da bíblia logo no início e a diagramação de capa. O que deixou um pouco a desejar foi a edição um pouco falha da editora, alguns erros estão ali bem descaradamente e nesses momentos, você sente-se lendo a primeira versão do manuscrito da Luiza.
Os personagens são todos muito bem construídos. Destaque para a personalidade forte de Lara, com seu passado e ações sempre condizentes ao conceito criado pela autora durante o livro. Tudo o que ela faz passa sempre por uma justificativa, nada do que a Lara faz deixa você pensando "O que? Da onde ela tirou esse tipo de reação?". Tudo fica bem adequado para a sua pessoa.
Lucius se deteve, com certa dificuldade, no número dezesseis. A rua acabava dez metros à frente, em um punhado de tijolos empilhados em frente a uma parede de tábuas velhas. Não seria difícil atravessar por ali, mas Lara não conseguia imaginar uma razão para qualquer pessoa querer fazer isso.
Outra que se destacou bastante em Os Sete Selos foi a misteriosa Roseanne, mesmo ela sendo pouco aproveitada no início da história sempre me pareceu que ela iria dar uma verdadeira guiada no enredo e foi isso o que ela fez, causou ciúme em algumas pessoas, levou Lara, Lucius - o demônio que matou seu pai - e Jason para muitos lugares que fizeram bastante importância nas investigações.
Posso ter reclamado da narrativa cansativa, que me limitou a ler apenas alguns capítulos por dia, mas isso é o fruto do enredo bem amarrado que a Luiza Salazar criou, em vários momentos, eu fiquei imaginando como ela teve todas essas ideias e como sua imaginação a guiou para levá-la perfeitamente a escrever tudo isso em uma história e fazer com que tudo parecesse real e ao mesmo tempo irreal.
O que posso dizer do fim? É apenas uma sequela da magnífica estória cheia de imaginação que a Luiza criou. Todas as pontas soltas foram solucionadas, um fim épico digno de um livro realmente épico e que ultrapassou os limites dos sobrenaturais brasileiros. A autora acaba apontando para todos os lados. Para aquele qeu gosta de romances. Para aquele que gosta de terror. E para aqueles que se apaixonaram por Agatha Cristie por causa do seu policial e misterioso.
A mitologia não deixou a desejar, em certos pontos, eu parei para pesquisar se tudo aquilo que o livro cita como se tivesse acontecido está presente na bíblia ou em algum registro histórico. Como disse, ela mostra o real e ao mesmo irreal. Sem ter medo do limite das crenças, Luiza adentra neste mundo com perfeição e criando uma mitologia com personalidade e condizente com que pode ou não ter acontecido. Ela se inspira em lugares bíblicos, locais da atualidade e alguns que, posso ter certeza, foram fruto da sua imaginação.
Mesmo tendo ficado cansado de ler o mesmo livro por dezessete dias, no fim, é como se eu tivesse acabado de escrever o meu próprio livro, foi quase a mesma sensação. A sensação de dever cumprido, o sentimento de que você acabou de ler uma bela e épica estória, certamente diferente de tudo o que você ouviu falar ou já tenha lido em outros livros do segmento Jovem Adulto.
Algo que, como disse no início me incentivou a comprar o livro foi essa capa. Não entendo muito bem essa maquiagem da modelo mas sua aparência revela bem quem ela é, os olhos verdes e expressivos me lembraram muito da personagem que Luiza narra durante e estória e pasmen, descobri que essa modelo não foi fruto de um ensaio para o livro, esteve em um banco de imagens e foi encontrado pela produção da Underworld que só vive escolhendo capas magníficas para os seus lançamentos.
Recomendo com todas as minhas forças o livro Os Sete Selos, ele mostra tudo o que um livro Young Adult deve mostrar hoje em dia: Originalidade. Luiza Salazar soube muito bem mostrar seu talento para contar uma boa história e me mostro muito ansioso para ler o seu próximo, também lançado pela Under, Bios que é mais focado na distopia. Mas, lembre-se, quando me refiro à originalidade do livro. Não é que ele não tenha os elementos que podem ser julgados de tradicionais dos livros do gênero, mas esse, diferente de muitos, tem alma. Algo que pode ser julgado como a melhor coisa que um livro pode dentro de suas páginas, o que vai muito além do papel. A melhor leitura de setembro, mesmo tendo terminado em outubro.
Lara tremeu de novo. Ela queria desistir de tudo, sair dali, voltar para a luz do dia, para o calor de Patmos, para as luzes quentes, para a umidade de Londres. Ela trocaria qualquer coisa para sair dali, do frio vazio e silencioso. Jasom segurou sua mão a medida que eles se aproximavam da praia grande. Além dela, Lara não conseguiu ver nada a não ser uma névoa branca e densa que pairava acima da areia. A verdade é que parecia não hacer absolutamente nada, exceto um lugar para osm ortos vagarem em paz
5/5
Eu já li algumas resenhas e nao estou mais tão animada pra ler esse livro :/
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