Autora: E. L. James
Título original: Fifty Shades Of Grey
Série: Cinquenta Tons de Cinza - Livro Um
Páginas: 343 na versão física
Tempo de leitura 13 dias
Anastasia Steele é apenas uma estudante de literatura, mas o acaso e a sua amiga Kate a colocam frente a frente com o bilionário (ou ziliardário, como assim ela se refere a ele em muitas passagens do livro) Christian Grey, um homem misterioso e diferente de todos que ela já conheceu, o homem tem uma personalidade forte e surpreendente e tudo começa aqui.
Sem saber no que está se metendo, em pouco tempo ela se vê em um relacionamento com Christian, mesmo com ele a alertando que deva se afastar, mesmo que seu relacionamento com ele seja bem diferente do que os convencionais e Anastasia acaba descobrindo de forma abrupta que sua personalidade é bem mais obscura do que ela jamais teria imaginado.
— Você sabe, Anastasia, este foi um fim de semana de primeiras vezes para mim também — diz baixinho.— Foi?— Eu nunca dormi com ninguém, nunca fiz sexo na minha cama, nunca levei uma garota no Charlie Tago, nunca apresentei uma mulher à minha mãe. O que você está fazendo comigo? — Seus olhos ardem em chamas, com uma intensidade que me tira o fôlego.
Lá vem a história! Mais clichê impossível. Comecei a ler Cinquenta Tons de Cinza com um misto de animação e medo. Animação porque geralmente esses livros odiados pela blogosfera são sempre os meus favoritos e medo porque o livro prometia ser forte, com altas cenas de sexo e eu não sabia o que acharia sobre, já que esse seria o meu primeiro contato com a literatura erótica, que teve um boom nos últimos tempos.
Diferentemente da maioria das pessoas, eu não achei que a escrita de E. L. James seja fraca. Bem, ela não é lá uma grande escritora, este é seu livro de estréia e é adaptado de uma fanfic, então somos obrigados a revelar isso. Porém, se eu dissesse que não gostei do seu estilo de escrever, estaria dizendo a maior mentira da minha vida. Simplesmente porque eu devorei as primeiras duzentas páginas desse livro em poucos dias. A forma simples como ela narra o relacionamento abusivo e os desdobramentos que rolam na mente de Anastasia é algo viciante e funciona com perfeita leveza diante das cenas fortes de sadomasoquismo a que somos submetidos em boa parte das páginas do livro.
Christian me dá a mão e me conduz ao carro. Esse contato, pele com pele, é o que é tão inesperado da parte dele, normal, íntimo. Não dá para conciliar esse gesto casual, terno, com o que ele quer fazer naquele quarto... O Quarto Vermelho da Dor.
Bem, aí está um tema delicado. O meu grande medo, a grande razão por eu ter ficado com receio antes de ler esse livro, foi ele ter ganhado uma fama enorme por conter algo diferente da maioria dos livros eróticos por aí (não que nunca tenha existido, mas digamos que E. L. James apareceu na hora certa com o material certo), a história é recheada de temática BDSM e com cenas de espancamento e sexo sádico. Na minha opinião, as duzentas primeiras páginas do livro são perfeitas.
Eu poderia fazer duas resenhas, simplesmente porque eu estava adorando o livro, chegando a exaltá-lo em meu twitter e nas atualizações do skoob como um dos meus favoritos do ano. Eu gostei muito da forma como a autora lidava com a personalidade de seus personagens (Eita, tá certo isso?), eu virava (ou clicava) as páginas avidamente à procura de informações sobre o passado de Christian e fica ansioso para saber o que Ana acharia das suas atitudes.
— Sua questão seguinte, eu já mencionei. Você não pode ir embora a qualquer momento, Anastasia. Não vou impedi-la. Mas se for, acabou. Só pra você saber.
— Tudo bem — respondo baixinho. Se eu for embora, acabou. A ideia é surpreendentemente dolorosa.
Falando dos personagens, eu não poderia deixar de ressaltas as semelhanças entre os personagens de Cinquenta Tons e a série Crepúsculo, todo mundo sabe que a história é originada de uma fanfic safadinha de Twilight e a autora apenas mudou os nomes e algumas características por razões de direitos autorais. Mas é basicamente tudo o que não teve em Crepúsculo (sexo, sexo, sexo) de uma forma mais exagerada, ou não.
Na verdade, ler Cinquenta Tons é quase como se ler o que aconteceria com o romance de Bella e Edward se eles fossem pessoas normais. Ou até mesmo ler a saga com um Edward menos casto, mesmo com todo o sexo abundante, há a mesma tensão sexual do nosso casal favorito e os dois tem praticamente a mesma personalidade. Edward é abusivo, autoritário e possessivo, de uma forma mais real, e Bella é a garota passiva, que aceita tudo pelo seu amado, assim como nos livros de Meyer.
— Disciplina. Há uma linha muito tênue entre prazer e dor, Anastasia. São dois lados da mesma moeda, e não há um sem o outro. Posso lhe mostrar quão prazerosa pode ser a dor. Você não acredita em mim agora, mas é isso que eu quero dizer com confiança. Vai haver dor, mas nada que você não possa suportar. Mais uma vez, tudo é confiança. Você confia em mim, Ana? Ana!
— Confio.
O que mais gostei nessas primeiras páginas foi que ainda existia aquela curiosidade com a história e também o encantamento de perceber o caco psicológico em quem Anastasia se formava enquanto assumia sua postura de submissa e o quanto não entendia a personalidade cheia de dualidade de Christian, o que depois de um tempo, ela acaba adotando como normal.
A resenha poderia terminar aqui, se eu não tivesse lido as terríveis cem últimas páginas do livro. A verdade é que, a partir de um determinado capítulo, as coisas simplesmente desandam. A falta de experiência de E. L. a fez organizar de forma extremamente falha o enredo, que acabou estragando o livro. A partir da página trezentos e pouco (no formato do meu Kindle), a história passa a vagar como zumbi sem rumo, por isso a minha demora para terminar.
Suspiro, e sou Eva no Jardim do Éden, e ele é a serpente, e não consigo resistir.
Há uma falta de conflito nos últimos capitulos, E. L. só resolve que há um problema nas últimas páginas do capítulo vinte e seis, que é o último. Até aí, não sabia até onde ela queria chegar com tudo isso. Se haveria um vilão, se haveria um triângulo amoroso. Eu não sabia o que esperar e, mesmo assim, a decepção foi total com a mornice do final, que me deixou sem muita vontade de ler o próximo.
Nem mesmo as cenas enérgicas de sexo sadomasoquista de Ana e Christian convencem mais, você sente que a autora ficou enrolando e eu desconfio de que tudo não passou do já conhecido oportunismo literário assim que ela descobriu que a fanfic estava fazendo sucesso. Ela prometeu, trouxe uma boa história, enrolou, enrolou, enrolou e no fim fez um desfecho completamente insatisfatório ao fantástico livro que tinha se tornado até a página duzentos. Foi uma decepção, para mim. Não sei se recomendo, mas ainda tenho vontade de ler Cinquenta Tons Mais Escuros quem sabe no fim do ano, ou no ano que vem, ainda não sei.
Meu pensamento se deixa levar para a tarde de hoje. Pelo que percebi das preferências dele, acho que pegou leve comigo. Será que eu faria isso de novo? Nem sequer posso fingir criar caso por causa disso. Claro que faria, se ele me pedisse — desde que não me machucasse e que essa fosse a única maneira de estar com ele. Essa é a moral da história. Quero estar com ele.
5/10
Justificativa: Promete, deixa na expectativa e decepciona no final.
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