Clary está à procura de uma poção para salvar a vida de sua mãe. Para isso, ela deve viajar até a Cidade de Vidro, lar ancestral dos Caçadores de Sombras, criando um portal sozinha. Só mais uma prova de que seus poderes estão mais sofisticados a cada dia. Para Clary, o perigo que isso representa é tão ou menos assustador quanto o fato de que Jace não a quer por perto. Mas nem o fora de Jace nem estar quebrando as regras irão afastá-la de seu objetivo: encontrar Ragnor Fell, o feiticeiro que pode ajudá-la a curar a mãe.
Resenha livre de spoilers!
Quando terminei de ler Cidade das Cinzas, não estava lá muito ansioso para o que viria em seguida. Tinha sim as minhas expectativas a respeito da evolução da trama, mas não o livro seguinte da série dos Instrumentos Mortais não era em si um must-read (deve ser lido, em tradução literal). Mesmo sem muita vontade de ler, comprei o livro pouco depois de realizar a leitura do volume que o precede e ele ficou aqui esperando, virou ano, meses se passaram e eu me encontrava em uma ressaca literária. Até então que me fiz um desafio, ler Cidade de Vidro e todos os livros que me esperam aqui na estante antes da Bienal, em agosto, já que não comprarei nenhum livro até lá, provavelmente. De uma maneira totalmente randômica, eu o escolhi e finalmente consegui engatar a leitura. E mais uma vez, não consegui evitar pensar: Droga, por que eu não o li antes?
— Algumas leis são feitas para serem quebradas.
O terceiro volume da saga dos Instrumentos Mortais começa pouco depois do fim do segundo, com Clary procurando por uma coisa que pode resolver os seus problemas. Apesar do começo um pouco lento, você só precisa chegar à página 50 para lembrar-se que, afinal, estava lendo um livro de Cassandra Clare e as coisas não poderiam ficar só daquele jeito, viciei-me nesta história de um jeito que não me acontecia desde Cidade dos Ossos (o primeiro, que considero ser o melhor que o segundo em vários aspectos) e me prendi de uma forma que não conseguia desgrudar do livro, gastei a metade de um sábado apenas saboreando a sua história e um domingo, com mais de 4 horas seguidas sentado em uma cadeira de balanço na varanda da minha casa me surpreendendo com o novo volume da saga.
— Você é minha irmã — disse, afinal. — Minha irmã, meu sangue, minha família. Eu deveria querer protegê-la — soltou um risada silenciosa, sem qualquer humor — , protegê-la de garotos que quisessem fazer com você exatamente o que eu quero fazer.
Cassandra Clare tem todo esse mérito, acredito eu, não que ela tenha uma escrita refinada, afinal estamos falando de um livro YA, conheço poucos (muito poucos mesmo) que contenham uma linguagem mais complexa, mas sim porque sabe muito bem como organizar um enredo. Trazendo coisas na hora certa, fazendo coisas acontecerem na hora certa (ou errada) e nos fazendo nos desesperar a cada minuto com esse livro que tem cara de fim de série, por inicialmente ser de fato a conclusão da saga. Seus personagens e o mundo de Caçadores de Sombras, Clave, Instrumentos Mortais e Alicante são sim complexos e bem estruturados, tão bem estruturados que, mesmo com essa complexidade que eu apontei, conseguem de fácil entendimento e de um carisma sem igual.
— Não sou um anjo, Jace — repetiu ela. — Não devolvo livros de biblioteca. Faço downloads ilegais de música na internet. Minto para a minha mãe. Sou completamente normal.
— Não para mim. — Ele olhou para ela. Seu rosto pairava frente a um fundo de estrelas. Não havia nada da arrogância de sempre na expressão; ela jamais o tinha visto tão vulnerável [...]
Ao ler Cidade de Vidro, só podia pensar que fazia tempo que não lia um livro assim, com um enredo frenético, bem dividido e desesperador. Um dos grandes trunfos desse livro, algo que o diferencia dos outros, até agora, é a alternância constante de narrativas em 3ª pessoa, isso fez com que os capítulos do livro, a maioria com mais de trinta páginas, não ficassem cansativos, sua quantidade de páginas mal sendo percebidas e pude perceber que se assemelham muito a capítulos de fanfics, as quais Cassandra Clare escrevia antes do estrelato mundial com IM. Os núcleos puderam ser muito mais bem distribuídos e o leitor pode acompanhar todas as faces da história, inclusive saber algumas coisas antes de serem reveladas aos personagens principais.
— Fraqueza e corrupção não estão no mundo — irritou-se Clary. — Estão nas pessoas. E sempre estarão. O mundo só precisa de pessoas boas para equilibrar. E você está planejando matar todas elas.
Notei um cuidado enorme da Galera Record, um dos únicos erros que consegui notar foi um "Jace subiu a escada e ficou em frente a Jace" e mesmo assim, passa despercebido em meio à grandeza do livro. Neste volume, são tantas coisas acontecendo. Muitas coisas, inclusive, me deixaram de boca aberta e me fizeram ter reações do tipo: "Nãaao! Ai meu Deeeus! O quêeee??" a todo o tempo. Cassandra desfez as pontas soltas centrais do livro, porém entendo que realmente não poderia ter acabado aqui e fico feliz que ainda tenha muito mais história envolvendo Caçadores de Sombras e um dos meus personagens favoritos, que é o Simon. Cidade de Vidro e a trilogia original de Os Instrumentos Mortais é um must-read super recomendado, que vai te fazer ficar surpreso e pensar na história e no mundo de Alicante mesmo depois de fechar o livro. Mal posso esperar para ir a Bienal e comprar o volume seguinte!
Editora: Galera Record
Autora: Cassandra Clare
Série: Os Instrumentos Mortais - Livro Três
Título original: City of Glass
Páginas: 474
Tempo de leitura: 4 dias não consecutivos
Nota: 5 de 5 + <3 (favorito)
Outros livros da série:
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