30.12.11

Resenha: O Sobrinho do Mago (Crônicas de Nárnia #1) - C.S Lewis

Editora:  Martins Fontes
Autor: C.S Lewis
Ano: 1950
Título original: The Magician's Nephew
Páginas: 99
Tempo de leitura: 7 dias

Eu comprei o Volume Único de Crônicas de Nárnia e, apesar de saber que fazer isso é um tanto quanto imprudente, só comprei pelo preço um pouco acima de dez reais. É incrível, não é? Mas, quando chegou aqui, eu fiquei empurrando-o de lá pra cá.

Não gosto dos filmes de Narnia e achava que os livros iam ser "Master Boring", mas, pelo contrário, não foi. Não posso dizer que engatei a leitura rápido, porque isso é mentira, mas assim que consegui pegar o fio de Ariadne (vide Percy Jackson), ou seja, me concentrar no universo, me apaixonei.
— Mas não acho que ela esteja mesmo vazia!  — disse Digory.
—  Como assim?
—  Acho que alguém mora lá, escondido, saindo e entrando tarde da noite com uma lanterna abafada. Acho que vamos descobrir um bando de assassinos e ganhar uma recompensa. É besteira acreditar que uma casa fique fazia o tempo, a não ser que exista algum mistério.
Sobrinho do Mago é a primeira crônica escrita pelo autor sobre o mundo de Narnia e é justamente aqui que o mundo estranho é criado. Passamos a acompanhar, antes de tudo isso, o livro pela perspectiva de Digory. Um garotinho que mora com a mãe e os tios. Sendo que, a mãe está muito doente e ninguém consegue achar a cura. Como toda criança, ele acha uma companheira para brincar, sua vizinha Polly.

A partir daí, ele descobri que seu tio é um mago, e tio André, além de ser um mago, está fazendo experimentos com animais e outros objetos e levando-os para um lugar além da Terra. Uma outra dimensão que ele não sabe o quê é. Afinal, os bichos não contam para ele e nem arrumam um jeito de sair de lá. Até que seu tio tem a ideia de colocá-lo lá. 
— Eu é que não entro nessa — disse Polly. — Não quero ver perigo nenhum.
— Não adianta, Polly, não está vendo que agora é tarde demais? Já caímos na coisa. A gente vai ter que passar a vida pensando o que teria acontecido se tivesse tocado o sino. Eu é que não quero ficar louco, pensando a vida inteira nisso. Eu, não!
Faz Polly ir parar lá primeiro, fazendo com que Digory vá atrás para salvá-la e, a partir daí, os dois se aventuram na descoberto de um novo mundo. Charm, que está toda destruída. As duas crianças, completamente aterrorizadas e, ao mesmo tempo, deslumbradas pela viagem a outro mundo, acabam despertando uma poderosa feiticeira que vai atrás deles na Terra. 

Mas as viagens não param por aí, Digory, Polly, Jadis (a feiticeira), tio André, um cocheiro e seu cavalo vão parar em outro mundo. E assistem à sua criação, à criação de Narnia, feita por Aslo. Um leão muito sábio que já compreende o que acontecerá no futuro à Narnia e tem o poder de criar mundos e fazer de animais, bichos pensadores e falantes.
— O cabriolé chegou.
— Vamos, escravo — disse a feiticeira para tio André.
Bom, esse livro é bem introdutório e juro que só vai despertar seu interesse se eu tiver contado tudo isso. A escrita de C.S é bem leve e o enredo se desenrola devagar, nas 99 páginas tudo o que acontece é isso e o clímax só chega depois de todas essas páginas, bem no finzinho das histórias. Os mundos e personagens criados pelo autor são fascinantes.

O que dificultou minha leitura foi a letra pequena demais que a editora colocou, parece que foi para economizar páginas, já que a edição completa ficou em 700, com essas letras mínimas. Gostaria que não fosse assim, me cansaria menos e leria em mais tempo. Por outro lado, manter as ilustrações foi uma boa ideia deles, gostei muito e as imagens aprimoram a nossa imaginação.
Por fim, concluiu que só podia fazer uma coisa: esperar que tio André e a feiticeira voltassem. Se voltassem, agarraria a feiticeira, colocaria o anel amarelo antes que ela entrasse em casa. Tinha de ficar observando da porta da rua com um gato de olho num rato. Foi para a sala de jantar e amassou o rosto contra a vidraça. Podia ver os degraus da entrada e a rua, e ficou imaginando o que Polly estaria fazendo.
O universo todo do livro é lindo, completamente ficção infanto-juvenil, estilo Harry Potter, Percy Jackson, que te transporta para aquele lugar, cala todas as vozes ao seu redor e minimiza suas sensações de cansaço por estar lendo o livro por muito tempo. Narnia, Charm e a Londres antiga são lugares fascinantes e muito bem descritos e - em parte - imaginados pelo autor.

Os personagens são tão bons quanto o livro, Polly e Digory são as típicas crianças deste tipo de livro. Desde já brincando e ao mesmo tempo fadadas a salvar o mundo e se meter com criaturas sobrenaturais e vilões terríveis e, depois, ainda arrumam um jeito para brincar. Digory é bem humano, se preocupa com sua mãe, com Polly e é mil vezes mais responsável que o seu tio.

Os antagonistas deste livro podem ser chamados de Jadis e tio André, o segundo é só um mago atrapalhado, mas consegue fazer de tudo para provar que não é louco e arrumar um jeito de ganhar dinheiro por cima de sua mágica. Jadis é um pouco cômica quando chega à Terra mas desconfio que será a grande vilã da série pelos próximos seis livros.

Por fim, pode-se dizer que meu balanço sobre O Sobrinho do Mago foi bom. Esperava pouco, acabei ganhando muito e, novamente, me encontro naquela insegurança. Afinal, os personagens do livro anterior não são os protagonistas do próximo, que girará em torno de crianças diferentes, muitos anos depois e com Narnia já crescida e, acho eu, dominada pela vilã. Não vou ler agora, planejo fazer intervalos durante os livros. Se vou gostar dos próximos? Eu não sei. Mas este primeiro, está recomendadíssimo.
— Acorde, Digory; acorde, Pluma — chamou a voz de Polly — O puxa-puxa virou árvore. E a manhã não podia ser mais linda.
 O sol matinal jorrava sobre a floresta; a relva estava cinza de orvalho; as teias de aranha pareciam de prata. Bem debaixo delas havia uma arvorezinha de madeira escura, do tamanho de uma macieira. As folhas eram esbranquiçadas e pareciam artificais; estava carregadinha de frutas, que lembravam um pouco as tâmaras.
5/5

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