Editora: Novo Conceito
Autora: Elizabeth Chandler
Ano: 2011
Título original: Evercrossed
Páginas: 286
Tempo de Leitura: 2 dias
Assim como dos outros livros da trilogia, agora uma série, gostei muito de Beijada por um anjo #4, que mantém a mesma fórmula que agrada dos outros, agora com um tom mais sombrio e adulto, sem a leveza de sutilidade dos anteriores.
O livro começa um ano após a morte de Tristan, que acontece no primeiro livro, e um pouco depois que Ivy conseguiu se livrar de Gregory, o assassino de seu namorado. Agora com Will e Beth em férias de verão, ela espera somente esquecer os fantasmas do passado.
Mas, em um acidente de carro, Ivy morre e quando está quase indo embora, Tristan lhe dá o beijo da vida e ela então ela retorna, conhecendo, ainda no hospital João, um desconhecido que não se lembra de seu passado. Passando mais tempo com o desconhecido e ficando longe do agora ciumento Will, Ivy tenta descobrir o que possa ter acontecido com Tristan depois que lhe livrou da morte, assim como ajudar João a recompor a sua vida.
O modo como Tristan a fazia rir, como ele a havia atraído para sua vida, como a apreciava quando ela tocava... Como é que poderia deixar de sentir saudades de Tristan, um dia?
Uma coisa que reparei bem nas primeiras páginas foi a necessidade da autora de tentar atualizar mais a história. Para quem não sabe, a trilogia anterior de Beijada foi escrita lá em 90 e pouco, já a nova série está sendo escrita nos dias de hoje, então a autora agora adapta essa história para o dia atual, como se sempre se passasse hoje em dia, o que pode ficar meio grotesco, com ela falando diversas vezes nome de aparelhos eletrônicas e isso acaba por não combinar com a história.
O que me ajudou a ler este livro dois dias foi o mistério crescente que se instala dentro das páginas do livro. As poucas conversas de Ivy com Lacey, o acidente dela, o mistério acerca de João e a desconfiança de Will e Beth para com ele são coisas que esquentam a trama para um clímax nunca antes visto na série. Simplesmente tudo acaba por acontecer ao mesmo tempo e só se resolve (ou não) no fim do livro.
Sem dúvida, o ritmo deste livro em comparação aos outros é bem diferente. A história vai acontecendo bem rápido a partir de determinado momento e você não consegue mais parar de ler. Uma dessas coisas é pelo mistério de João e com as pequenas aparições de Lacey que sempre nos deixava com aquela dúvida na cabeça sobre Tristan, se ele caiu ou continua como um anjo que já passou para o outro lado.
Mesmo que algumas mudanças tenham acontecido, a essência da história continua e ela mantém-se pelo amor de Tristan e Ivy. Ao contrário do que pensei no fim do livro anterior, Ivy não se contentaria com Will, pois seu amor verdadeiro é Tristan e ela só se envolve com João por ele lembrar-lhe demais Tristan. O amor está presente em todas as ações significativas e é o motivo de tudo no livro. O amor ou a falta dele.
O livro começa com uma brincadeira entre as amigas de Ivy com um tabuleiro Ouija, isso acaba tendo um resultado inesperado e todas elas ficam com medo. Isso, somado às premonições de Beth sobre a volta de Gregory para um possível vingança dão ao livro um toque incrível de terror, que tinha sido acrescentado aos livros em valores mínimos anteriormente e nessa nova trilogia, funciona muito bem.
— [...] Estou lhe dizendo, o Diretor Número Um não gosta que seu elenco mude o roteiro. Vai haver repercussão.
— Por ele ter me salvado?
— perguntou Ivy, irritada.
— Acho que você não prestou muita atenção na escola dominical. Não se lembra da história dos anjos caídos? Eles queriam ser Deus, exatamente Deus. Dar ou tirar a vida de alguém é privilégio de Deus, não nosso.
As sinopses da Novo Conceito sempre nos traem dizendo coisas que às vezes são tudo de legal que acontece no livro. Como neste livro, a morte de Ivy não é coisa mais legal que acontece, não estragou muito, mas mesmo assim... A sinopse é para ser algo que acontece nas primeiras páginas e a morte Ivy, assim como o beijo da vida de Tristan só acontecem lá pra página 60.
Livro novo, personagens novos. Elizabeth Chandler trouxe para nós alguns personagens novos para esses novos livros e eles foram bem medianos. João foi o que mais gostei, mesmo não sendo bem ele desde o começo, já que não sabe nada de seu passado e... Espera aí, o resto é spoiler! Dhanya e Kelsey são personagens muito insignificantes e bem chatinhas que tapam o buraco formado por Suzanne, a terceira integrante do grupo de Ivy que era namorado assassino, Gregory. Não simpatizei com elas, mas quem sabe não tenham mais destaque e importância no próximo livro?
O mistério sobre o personagem João - esse não é o verdadeiro nome dele - é muito importante para essa nova série. Se, durante o livro, a gente acompanha sem saber no que isso vai acrescentar para o livro e prestando atenção em outros acontecimentos, João lhe surpreende bem no finzinho e se torna um personagem importante que deve o co-protagonista dos próximos. Espero não ter revelado muito. Mas, fiquem tranquilos, o mistério com o personagem é resolvido logo nesse livro!
A obra, assim como as outras de Elizabeth, deixam muitas pontas soltas e muitas possibilidades, e isso dá muita curiosidade para o próximo livro que prometi demorar mais um pouco para ler, afinal, não há previsão de lançamento do próximo livro nem mesmo nos Estados Unidos, o que deve demorar bastante para vir pro Brasil, sendo que, se o próximo livro for tão "você precisa ler o próximo", não vou gostar de esperar.
A escrita de Elizabeth, com certeza, evolui a cada livro. E, eu acho assim, se você não gosta do estilo principal dela - que é o de cortar cenas de uma forma bem sem avisos - não vai gostar de mais nenhum livro, pois ela mantém isso em todos. O que torna todos os Beijada por um anjo muito fáceis de se ler e nem cansativos, a escrita dela dá mais importância ao que é importante e as cenas são bem resumidas. Uma coisa que evoluiu foi o prólogo, ela começou a fazer e ele é escrito em primeira pessoa, por Gregory, ficou bem interessante.
Já falei dos personagens novos, mas agora tenho de falar dos antigos. Tinha uma simpatia por Suzanne, mas ela não viaja junto de Ivy. Beth continua a mesma, porém um pouco mais agressiva e passa boa parte do livro brigada com Ivy, eu tomei uma raiva dela e de Will que mostrou-se um ciumento da pior linha e um chato de galocha. Em um momento que não posso revelar eu vibrei de alegria e disse: "Eu sabia!". Ivy está mais decidida, apesar de nunca tê-la achado burra ou melodramática como boa parte da blogosfera e Tristan continua sendo importantíssimo para o andamento da história.
A diagramação é a mesma, por isso tem de ter antipatia pela letra em negrito e alguns errinhos. Particularmente, acho o letreiro dos capítulos cafonérrimos com essas asinhas. Mas a capa compensa tudo, ela é mais linda ao vivo e a brochura da Novo Conceito, um pouco mais mole é super agradável, leve e bem difícil de amassar. Pena que os primeiros da série não são levinhos e moles assim.
Beijada por um anjo #4 é tão bom quanto o último livro, talvez mais e tão chamativo e diferente quanto o primeiro livro da saga. É tão legal o quanto Elizabeth aposta em enredos clichês e coisas pouco usadas e que a gente nunca imaginou que aconteceria (Como Ivy conhecer um cara no hospital, sem memória, e se apegar a ele) e inova pois tem terror e sai dos anjos da saga anterior, agora entrando com mais vontade na área dos demônios o que pode tornar esses novos livros melhores do que a primeira trilogia, se usados de forma correta. Recomendo e muito! Assim como recomendei os outros da série.
— Sobras — ele disse — Vários tipos de sobras.
— Hum. Por que você não veio logo para cá?
— Porque você já tinha feito demais.
— Então por que você está aqui agora?
A expressão de João ficou séria. Havia algo de hipnotizante no olhar dele, na forma como ele parecia olhar por dentro da sua alma. Ela não tinha forças para desviar os olhos.
— Porque estou com muita fome. — disse, desviando o olhar para ver o mar. — Bela vista.
10/10
Justificativa: Supera expectativas e tem um enredo daqueles de ser devorado.