Capitães da Areia conta a história de um grupo de garotos de rua, moradores de um trapiche na Bahia, que, para sobreviver vivem do roubo. Com um enfoque especial no líder do grupo, Pedro Bala, e em seus amigos, Sem Pernas, Professor, Volta Seca e Gato, Jorge Amado nos conduz nessa história peculiar, mostrando a vida nesses meninos criminosos e o que pode tê-los motivado para chegar até ali. Também acompanhamos em alguns momentos, a narrativa focando-se em pessoas que os ajudaram, com o padre João Pedro.
Esse livro é uma delícia. Confesso que o comecei com um pouco de falta de vontade, tinha pedido emprestado eras atrás e só agora o tive em mãos e já não estava tão animado assim. Acontece que a escrita surpreendentemente fácil de Jorge Amado me tomou de assalto, assim como o seu dom de contar boas histórias. Me envolveu totalmente. Fiquei absorto nesse mundo dos Capitães, assim como pela forma que ele retrata a Bahia, com bastante influência da cultura negra, do catolicismo que também era fortemente presente naquela época.
O dialeto dos meninos é bem peculiar e dão mais realidade aos personagens. E é essa realidade uma das coisas que mais me encantaram. Aos poucos, nós vamos descobrindo um pouco de cada um e acabamos por nos familiarizar e até mesmo justificar suas ações. Dá para ver que Jorge Amado teve uma preocupação de contar a história de um grupo, ao mesmo tempo em que dava um início, meio e fim para as subtramas dos personagens. Quando o número de páginas restante do livro já ia diminuindo, era possível notar os desfechos sendo empregados e isso foi muito bom porque deu tempo de fechar a história de todos.
A Dora foi uma personagem que apareceu quando a história já tinha meio caminho andando, porém, essa facilidade de humanizar e criar apelo para personagens do autor fez com que sentisse bastante o que posteriormente vem a acontecer a ela. Quando terminei o livro, foi sensação de dever cumprido, por um livro que antes eu considerava "difícil" ter sido lido por completo e por descobrir que ele não era tão difícil assim. Na verdade, eu até me diverti lendo Capitães da Areia. É uma história realística, que captura muito bem a alma dessas crianças, seu medos, desejos, sonhos. Definitivamente, uma releitura futura.
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