Em busca de uma forma de deter o irmão demoníaco (cujo único objetivo é trazer o mundo as ruínas, pelo simples prazer de fazê-lo), Clary, junto de seus amigos, parte em uma expedição não-convencional em direção aos reinos infernais, onde Sebastian se encontra. Mas antes de tudo, precisamos ir ao começo do livro, as primeiras páginas, onde somos apresentados ao instituo de Los Angeles. Emma Carstairs e Julian Blackthorn e sua família estão sendo atacados pelas forças de Sebastian e seus Crepusculares, uma forma de ligação à próxima série de livros da autora com o mesmo tema.
Mas não é só essa pontinha que é dada aos novos personagens, que vão ter uma boa participação nas páginas seguintes, porém, mesmo assim, achei bem desnecessário. Pra começar, a ideia de continuar explorando o mundo dos Caçadores de Sombras já soa sem inspiração e oportunista o bastante e nos fazer ler o começo da próxima história quase que obrigatoriamente, não me pareceram uma ideia justa e bem intencionada. Apesar de tudo, o livro consegue equilibrar bem esses novos personagens com os originais, que estão na maioria da trama tentando concluir sua jornada lá nos confins do Inferno.
Neste cenário incomum, temos as melhores e mais reveladoras cenas da série. Enquanto, um grupo x de personagens está sendo mantido refém neste mesmo lugar (o que também nos garante cenas incríveis), Clary, Jace, Simon, Isabelle Alec - o grupo fadado a salvá-los - passam por diversas coisas que nos mostram pedaços destes personagens que até então não tinha sido muito aproveitados na história. A partir da metade e do estabelecimento desta missão infernal dos principais, o livro perde um pouco de ritmo e passa a se arrastar um pouco, embora revelações continuem a acontecer e experiências importantes (!) sejam feitas por eles.
Porém, todo o ritmo que fez um pouco de falta nesse meio do livro nos é dado no desfecho. Que, CARAMBA, é daqueles de simplesmente cair da cadeira! Épico, surpreendente e emocionante. As últimas páginas de Cidade do Fogo Celestial me trouxeram muitas emoções, além da tristeza por estar acabando. Este foi um dos poucos livros em que o final me agradou quase que completamente. Tudo ficou em seu lugar. Coisas ruins aconteceram, personagens bons morreram, mas tudo foi necessário e justificado.
Fazendo uma análise geral dos 6 livros, é interessantíssimo ver como os personagens evoluíram (juntamente com a escrita da Cassandra Clare). Clary, que começou como aquela mocinha indefesa, fracote que sempre tomava decisões questionáveis, tornou-se um símbolo de força e, por que não, boas decisões. Sempre escolhendo sacrificar-se pelas pessoas que ama, sempre sofrendo, mas nunca reclamando de forma pedante por isso. Isabelle e Alec cresceram muito na série e gostaria muito de que tivesse algum tipo de spin-off focado apenas nos dois e em sua família. Jace, embora continue com basicamente a mesma personalidade convencida e cheia de si, perdeu um pouco daquele egoísmo quando enfrentou alguns demônios do passado e passou a amar Clary. E Simon! Do amigo boboca da personagem principal, ao amigo vampiro boboca da personagem principal, à chave do enredo de um dos livros e uma participação enorme e necessária do último livro. Os Instrumentos Mortais definitivamente não seria tudo isso se não tivesse um personagem feito Simon. E preciso comentar o final dele? Apenas leia (e sofra).
Cassandra não matou por matar, nem escreveu por escrever. Criou uma gama imensa de personagens, principalmente neste último livro, o que foi uma atitude arriscada, mas se comprometeu em fechar tudo o que deveria ser fechado nesta série e criou um dos mais épicos e bem escritos finais para séries Young Adult dos últimos anos. Algumas cenas importantes aconteceram, mas não foram escritas, talvez o maior erro do livro, mas acredito que a autora tentou condensar a história o máximo que pôde, focando-se no que era mais importante, não que eu ache que essa tenha sido uma decisão inteligente. Mesmo que fique aborrecido por ter mais uma penca de livros para serem lançados, não posso dizer que não tenho vontade de ler, porque, apesar de tudo, Cassandra Clare nunca nos faz arrepender a leitura de um livro seu e tenho certeza de que continuará assim.
5 de 5
Resenhas da série:
6. Cidade do Fogo Celestial
(releitura)
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