26.11.10

ENTREVISTA ..:: MÁRSON ALQUATI

O mais novo autor da literatura fantástica brasileira, conquista fãs diariamente e está concorrendo ao prêmio de Melhor livro/autor do ano, assim como em todas as categorias envolvendo nomes brasileiros , na Internet ele tem sua dinâmica página e já lançou dois livros da série Ethernyt, em andamento o último volume da saga que estréia em breve. O convidado para a entrevista de hoje é o Márson Alquati que está ultrapassando limites e caminha rumo ao estrelato. Mesmo vindo de uma editora de vendas por demanda (Pagas, digamos assim) ele concorreu neste ano a vários concursos, saindo bem-sucedido da maioria. 

Márson vive em Caxias do Sul com sua família e por lá é meio que a celebridade de lá. Veja a nossa entrevista com o gaúcho:

Quando a idéia de Ethernyt lhe veio à cabeça? Digo, como ela aconteceu. Com uma cena, fala ou uma lâmpada que piscou de repente?

Eu diria que veio aos poucos, como numa construção em que se assenta um tijolo de cada vez. Desde que me conheço por gente e aprendi a ler, sou um amante das palavras e leio tudo o que vejo pela frente: jornais, revistas, quadrinhos, livros e até mesmo placas de propaganda (risos). Por isso, tenho o costume de dizer que não existe um bom autor que não seja antes um bom leitor. Mas voltando à pergunta, nunca achei que um dia conseguiria escrever algo, até que passei em um concurso público e fui lotado a 300 km de onde morava na época, sendo obrigado a encarar seis horas de viagem em um ônibus caindo os pedaços toda a semana para ir e mais seis para voltar. E foi para passar o tempo durante essas penosas viagens, que comecei a rabiscar algumas idéias numa agenda. As idéias foram fluindo e acabaram se transformando no esqueleto dos livros da Trilogia Ethernyt. Então, posso dizer que o acaso foi quem descobriu a minha veia de escritor... Já a inspiração, veio de tudo o que já li ou assisti, pois além dos livros também adoro cinema. Procurei captar todos os elementos que mais gostei dos livros e filmes e inseri-los na trama da minha história, da mesma forma que tive o cuidado de excluir tudo o que não me agradava. Mas o fiz, cuidando sempre para não incorrer em plágio, buscando a originalidade e a quebra de paradigmas acima de tudo.

Os anjos estão vindo com toda a força. De várias formas. Mas poucos autores apostam no conceito guerra e fim dos tempos, abordado nos dois primeiros livros da série Ethernyt. Você considera que se distanciou de algo que já virou monótono? O amor impossível de criaturas místicas com humanos. Mas ao mesmo tempo fazendo uma guerra empolgante, tão divertido quanto ver um casal brigando com dilemas nada comuns.

Realmente, tudo em Ethernyt foge do convencional. Os anjos e demônios da minha história são seres ímpares, diferentes de tudo o que já foi escrito a respeito dessa temática. Eles não são seres místicos e nem divinos, pelo contrário, são de carne e osso, possuem defeitos e virtudes e podem ser mortos. Os anjos, apesar de representarem o lado do bem, não são perfeitos. Eles são passíveis de erros e crueldades, da mesma forma que os demônios igualmente não são de todo maus. A minha proposta é: tanto o Bem quanto o Mal não são absolutos. E isso é apenas uma das muitas inovações que me propus trazer à tona em Ethernyt. Acho fundamentalmente necessária a inovação, não só na literatura, mas em qualquer área. Novos ângulos de vista sobre qualquer assunto são sempre interessantes e bem-vindos, pois despertam a curiosidade, enquanto que os já batidos tornam-se comuns e com o tempo tendem a ficar enfadonhos e repetitivos. Isso serve para qualquer temática de qualquer gênero. Mas voltando à pergunta inicial, o romance também aparece no segundo e evolui bastante no terceiro volume da trilogia, embora a história centralize-se na grande Batalha do Fim dos Tempos.

De qual núcleo do livro você mais gostou de escrever? Os humanos, demônios ou anjos?

Na verdade, gostei de escrever sobre todos, afinal, cada grupo de personagens possui as suas peculiaridades. Mas os anjos foram os que mais me atraíram desde o começo, pela sua complexidade e mitologia. Talvez, por isso, sejam eles os que mais sofreram inovações e quebras de paradigmas. Porém, os humanos e demônios não ficaram para trás. Ambos igualmente me fascinaram ao longo de toda a trama, por também possuírem uma importante parcela de originalidade criativa.

Além da série, que acabará em seu terceiro livro, quais são seus planos atuais e futuros? Alguma nova série ou livros de outro gênero?

Sim. Tenho vários projetos para o futuro. Agora que o terceiro livro da série Ethernyt já está concluído e na revisão, eu estou escrevendo um drama de cunho escatológico e tenho prontos os esqueletos para uma série de sete volumes baseada nos deuses da antiguidade.

Você mesmo publicou seu livro. Ou seja, utilizou de uma editora paga. Aconteceu algo no caminho que o fizesse parar de acreditar no formato comum? Que é a aprovação de originais e publicação grátis.

Infelizmente, o escritor nacional precisa travar uma verdadeira batalha para ver a sua obra publicada. Os maiores empecilhos hoje são a discriminação e o menosprezo sofridos pelos autores nacionais em relação aos autores estrangeiros, principalmente para os que, como eu, escrevem literatura fantástica. O fato de ser uma trilogia, embora as histórias dos livros sejam independentes entre si, também não colaborou e tive de esperar mais de um ano até receber a aprovação de uma editora. E tive sorte, pois a Giz (uma das editoras nacionais que mais aposta na literatura fantástica brasileira) realizou um excelente trabalho e hoje o que era apenas um sonho distante virou realidade.

Vários autores utilizam de músicas ou ritmos para escrever (Entre estes a autora de saga Crepúsculo, Stephenie Meyer). O que faz para escrever?

Eu leio muito. Um livro por semana, algo em torno de cem páginas por dia, em média. Acredito que não existe um bom autor que não seja antes um bom leitor. Mas na hora de escrever, eu prezo o silêncio e a tranquilidade, o que me ajuda a concatenar melhor as ideias e a me concentrar naquilo que estou fazendo.

Qual livro está lendo atualmente e de qual gênero mais gosta?

Sou um fã inveterado de literatura fantástica, com uma maior ênfase para a nacional. No momento estou lendo “O VOO DE ÍCARUS” do meu estimado irmão de pena e papel: Estevan Lutz.

O que acha sobre o fortalecimento da leitura juvenil. Acha que os livros que são publicados para o gênero são dignos ou apenas um amontoado de textos sem sentido?

Eu, particularmente, adoro o gênero voltado ao público jovem. Sou um grande fã de Nárnia e Harry Potter, E acredito que os livros desse gênero são muito mais do que dignos. Alguns são verdadeiras obras primas, inspiradores, divertidos e bastante eficazes naquilo a que se propõem. Um excelente exemplo disso é a série Percy Jackson e os Olimpianos (Rick Riordan, Intrínseca).

O que faz além de escrever?

Uma vez que é praticamente impossível de se sobreviver apenas dos livros no Brasil, a maioria dos escritores precisa ter outra fonte de renda. No meu caso não é diferente: sou “Técnico do Tesouro do Estado do RS” e atuo na fiscalização do ICMS. E sim, foi graças a essa atividade que um dia comecei a escrever. E nas horas de folga, quando não estou escrevendo ou lendo, curto a vida com a minha família.

Bate bola

Um sonho: Que a humanidade descubra no prazer da leitura e na sabedoria dos livros, o caminho definitivo para a tão almejada Paz Universal.
Um amor: Os verdadeiros anjos da minha vida: minha esposa e os meus três filhos.
Se você ficasse bilionário agora, o que faria? Montaria uma editora/distribuidora exclusivamente voltada à publicação de autores nacionais iniciantes.
Anjos: Todos que praticam o bem.
Demônios: Todos que praticam o mal.
Deus: A energia cósmica geratriz da vida, independente de religião.
Herói/Heroína: Todos nós, que lutamos por nossos sonhos sem jamais desistir.

~*~

Considerações finais de Márson Alquati



A literatura é, e sempre foi, a base cultural de toda e qualquer sociedade. Além de nos proporcionar momentos agradabilíssimos e muita aventura, a literatura fantástica, por exemplo, agrega um inestimável valor cultural aos nossos conhecimentos pré-existentes, sem contar as inúmeras mensagens e lições de vida embutidas em suas maravilhosas histórias. Agradeço a oportunidade e abaixo seguem os links para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a minha obra. Um forte abraço! Contato: e-mail, site oficial da série, blog, e booktrailer.

DIA 28, RESULTADO DO PRÊMIO BOBAGENS&LIVROS

Um comentário:

  1. Cara, parabéns pela entrevista. E tudo o que o Marson disse sobre o mercado editorial brasileiro, eu bem sei, é verdade. As editoras só querem autores estrangeiros, e ser um autor nacional de literatura fantástica é um desafio para poucos.

    Seu link já está no Blogaritmox.

    Abraços

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