Resenha: Qual seu número? - Karyn Bosnak

Editora: Novo Conceito

Autor: Karyn Bosnak

Ano: 2006 / Brasil - 2011

Título Original: What's your number?

Páginas: 414

Tempo de leitura: 12 dias

Eu me surpreendi muito com este livro. Ter gostado de Qual seu número? foi uma surpresa. Assim que o livro chegou aqui eu fiquei meio curioso. 1) Amo a Anna Faris e queria ver o filme 2) Minhas poucas experiências com esse gênero literário tinham sido boas.

Depois da leitura um tanto pesada de Julieta Imortal, o livro veio em boa hora. Karyn me presenteou com uma leitura leve, simples e que flui muito rapidamente. Até porque, nunca vi 414 páginas andarem tão rápidas. Eu simplesmente devorei o livro!

— Ouviram isso? — Ela disse que não perdeu o emprego! — diz ela, cheia de alegria.
Enquanto os amigos da minha mãe se viram para cumprimentá-la, eu volto a conversar com Daisy, revirando os olhos.

Qual seu número? mostra a história de Delilah Darling, uma solteirona independente e romântica que está sempre com desilusões amorosas. 20, para ser mais específico. Um dia, Delilah lê em um artigo que uma mulher só pode ter 10,5 relações sexuais até o "homem certo" para ela casar, ela já teve muito mais, e então decide fechar a cota de novos pretendentes e começa a procurar pelos seus ex. 

Quem sabe, depois de todo esse tempo, eles não tivessem mudado, se tornado grandes homens ricos e com um futuro promissor ou pelo menos não tivessem ainda as características que a fizeram largá-los. Delilah então organiza uma lista de "Fusões e Aquisições", escrevendo o nome de todos os seus ex para encontrá-los e descobrir qual deles é o homem de sua vida. Para isso, ela contará com a ajuda de seu vizinho — Colin — que faz pontas como ator, detetive e barman para conseguir reencontrar todos os vinte. 

Ah, droga. Eu passei a noite com ele.
Não! Não! Não! Não! Não! Nãããããããããoooooooooooooo!!!!

Quando reparei que o livro tinha um tamanho bem avantajado de páginas, comecei a pensar nos problemas do enredo. Que Karyn não conseguiria adaptar tudo e, na página cem, tudo ficasse lento e mal colocado. Errei completamente. Cada capítulos (pós lista) mostra Delilah indo atrás de seus pretendentes, com um mapa de onde ela está no momento e um pedaço da lista com a descrição (muito engraçada) dos homens.

Sem dúvida, tudo foi muito bem desenvolvido e senti que tudo o que estava escrito estava para acontecer. Tinha que estar impresso naquelas páginas. No começo dos capítulos, ela sempre falava sobre o ex e também explicava como tudo deu errado, às vezes muito engraçadas as situações e às vezes não. Do meio pro fim, o livro vai ficando com uma carga mais pesada, os ex passam de ter situações cômicas no reencontro (Wade, El Abogado, R.o.D) e começam a mostrar um drama maior.

Quando a personagem principal vai vendo que seus planos estão dando errado, começa a pensar mais no que fez de sua vida. Se pôde interferir no que seus ex se tornaram, se estabelecer uma lista, uma regra, para ela mesma não estava sendo tolice demais. O mais legal de Qual seu número? e a maioria dos chick-lits é que várias coisas acontecem ao mesmo tempo. A irmã de Delilah está para se casar, o avô dela vai para Las Vegas com uma mulher e passa a se comportar como um garoto.

Depois de colocar um cheque de 150 dólares por baixo da porta de Colin, eu saio cedo na manhã seguinte. Filadélfia é uma boa cidade para começar minha busca, porque fica perto de Nova York e eu sou uma péssima motorista.

Algo que me manteve grudado na trama foram os personagens. Simplesmente, como o enredo se encaixou, os personagens também se encaixaram. Todos muito reais, em determinadas partes mais cômicos e em outras mais sérios, humanos. Delilah evolui bastante durante o livro, Karyn reserva algumas situações para ela e a personagem passa a aprender muito com tudo aquilo.

A narração é um show à parte, Karyn/ Delilah lhe conduz para todos os lugares, atravessa o país com você, conhece os namorados de Delilah... Você se sente como se estivesse se encontrando com a protagonista e ela estivesse lhe contando tudo da vida dela. Porque sua narração é bem verdadeira e mostra tudo o que ela pensa, parecendo-se muito com um diário.

A química entre o casal principal (será que é spoiler?), Colin e Delilah é evidente. Mesmo em suas conversas (íntimas!) no telefone e até mesmo as primeiras vezes em que eles se encontram e ela fica explorando cada parte do corpo dele, dá para torcer. Você sabe que eles se renderão à paixão alguma hora, mas a todo o tempo fica querendo que eles fiquem juntos.

Oh. Meu. Deus. O que eu acho que está acontecendo realmente está acontecendo.
Eu quase caio na risada. E, logo depois, eu quase caio no choro.

Um fato ruim nesse tipo de livro e gênero é o clichê. Sei que a proposta é manter o livro como algo leve e simples. Mas tudo acaba parecendo-se uma mesmice, se a autora não soubesse driblar esse caso e nos presenteasse com tantas coisas boas que nos fazem até esquecer o clichê, o livro seria uma perda de tempo descomunal. É ruim saber o que pode acontecer, meio que fica esperando que os acontecimentos que sempre existem nesse tipo de livro finalmente chegue às páginas.

A escrita da autora me fez apaixonar-me pelo livro. O modo como Delilah fala tudo sobre seu dia-a-dia e seu passado, o que quase não conta a ninguém na história, nos faz pensar que ela é a nossa melhor amiga. Você com certeza vai colocá-la em alguma pessoa que você conhece, aquela tia-solteirona, aquela colega de trabalho sistemática, aquela vizinha maluca...

A diagramação da Novo Conceito está impecável novamente, todo o trabalho que eles têm com as notas de rodapé, as imagens de e-mails, cartas e mapas presentes no livro, é tudo digno de parabéns. Agora o que não gosto é a capa do livro. Não me importo se for do filme, porém, algo menos simples do que essa com fundo branco, tirada de um dos posteres do filme. Gostaria muito mais se fosse de alguma cena, algum objeto do filme, algo que parecesse mais a capa de um livro.

Por fim, Qual seu número? é clichê e simples, romântico e leve. A escrita é apaixonante, os detalhes são muito legais, os personagens cativantes e o enredo engraçado e reflexivo, às vezes ao mesmo tempo. Recomendo muito para quem vai ler seu primeiro chick-lit, mostra muito como são os outros livros, em geral. Apesar de você já saber metade do que vai acontecer, sabe que essa é a grande ideia do gênero, uma leitura apenas de diversão, sem se preocupar com a originalidade do enredo.

Meu nome é Delilah Darling. Tenho 30 anos, sou solteira e... Sou fácil!

5/5