Editora: Novo Conceito
Autor: T. Greenwood
Ano: 2012
Título Original: The Glittering World
Páginas: 336
Tempo de leitura: 12 dias
Eu nunca pensei que Um Mundo Brilhante seria tão bom assim. Quando a editora avisou que estava me mandando seu lançamento, eu não me animei muito para ler o livro. A capa era linda, mas não me parecia meu estilo de leitura.
As sinopses da Novo Conceito nunca fazem jus aos livros, muito menos esse subtítulo. Mas, de fato, as aparências enganam e este livro acaba se tornando a melhor leitura desse primeiro semestre por enquanto, já comecei o ano bem.
Tudo começa na manhã após a noite de Halloween, numa cidade fictícia chamada Flagstaff, o professor e bar-man Ben Bailey encontra no quintal de sua casa um garoto morto, de etnia indígena e da tribo dos navajos, ele sangrou até morrer e esse é o pontapé inicial para uma rede de acontecimentos e também para começar a história do professor.
De qualquer modo, ninguém espera sair pela porta da frente em um domingo para buscar o jornal e encontrar uma pessoa morta na calçada.
Ben tem uma noiva, Sara, os dois não vivem como um casal de verdade faz algum tempo e ele conta mentiras sobre onde está e o que está fazendo, apenas por mentir mesmo, uma vez que sempre foi fiel ao seu relacionamento. Mas a morte de Ricky Begay - o garoto índio que ele encontrou no quintal - faz com que ele se aproxime secretamente da irmã dele.
Os dois criam uma relação perigosa e extraconjugal, mas Ben não se sentia fazia meses, feliz, apaixonando-se por Shadi, a irmã de Ricky. Ao mesmo tempo em que tentam descobrir as pessoas que executaram o garoto e como aquilo foi acontecer, a vida de Ben e Sara começa a se preparar para uma coisa bem maior (que não posso contar, senão vira spoiler) e seu relacionamento com Shadi vai por água abaixo, precisando Bailey de ficar ao lado de sua noiva.
Eu não sei se você entendeu muito dos relacionamentos e acontecimentos desta sinopse, porque me preocupei em não detalhar muito as coisas. Afinal, o destaque de Um Mundo Brilhante foi que comecei totalmente no escuro, sem muitas expectativas com ações dos personagens e desenvolvimento do enredo e me impressionei positivamente com tudo, descobrindo com o virar das páginas.
Há muito tempo, tudo estava inteiro. Ben se lembrava daquela época como se ela pertencesse a algum outro Ben. Um Ben feliz, sorridente e distante. Uma vida parecida com um filme Super 8 tremeluzente, projetado em um lençol estendido na parede de um porão.
A história deste livro começa bem rotineira, um pouco dramática, mas com sintomas de normalidade, um casal em crise, um acontecimento que pode desencadear várias outras coisas, mas você realmente não sabe o que esperar, porque na trama de Greenwood tudo é bem real e você sabe que, na vida tudo é possível, então fica à espreita na espera de alguma coisa que fuja dessa normalidade do início.
A partir de algumas páginas, no meio, sendo muito bem conduzido até esta parte do livro, começo a perceber que o enredo vai muito além disso. A autora reserva muito mais para nós quando começa a incorporar neste livro uma trama policial e um pouco de drama, e você fica só lendo as páginas ferozmente aguardando pelo que mais pode acontecer nessa história quase real.
O final do livro é bom, embora não possa classificá-lo como surpreendente. Será que posso dizer? Mas, só sei que não termina com um final feliz. Para mim, a última página foi perturbadora, a lição que a autora tenta passar no fim, concluindo tudo, tem aquele sentimento de "Hã? Já acabou", eu pensei em ficar com raiva, reclamar do final.
— Talvez eu possa esperar pelo seu pai aqui
— disse ele.
Sara riu.
— Acho que não.
— Venha conosco Ben, vai ser divertido.
Mas isso só reforça o quão genial é a obra de Tamy, ela chega de mansinho, bem sutil, afunila acontecimentos, falas, alterna com momentos de calmaria, para atingí-lo com uma avalanche. E ver o que acontece com Ben no final foi bem triste, porque ele - apesar de ser aquele tipo de personagem que faz coisas que não são de agrado geral - é digno de torcida.
Agora, quanto aos personagens. Poucas vezes eu torço ferozmente para que um personagem ganhe um final feliz no final e Ben foi um desses. O mero professor tem uma guinada terrível em sua vida, apesar de só ganhar coisas boas, ele percebe que o mundo que ele está vivendo não é ao qual ele pertence, mas não pode mais sair, afinal é adulto e essa é a vida real!
O cruel é que, mesmo Ben fazendo coisas que as mulheres leitoras provavelmente não concordem, como trair a esposa, o cara só fez as coisas para a própria felicidade. Foi angustiante ler, no clímax do livro, Bailey todo feliz com o futuro, com o que planejava e por ter descoberto um novo amor e ser atingido por um balde de água frio, encerrando com todos os seus sonhos e sua tentativa de finalmente ser feliz por completo.
Algo que me incomodou um pouco na personalidade dele, foi que Ben fica numa indecisão tremenda. As coisas seriam bem diferentes se ele não mentisse sobre Shadi para Sara, se ele tivesse dito desde o começo, a pobre da Sara não teria pensado o tempo todo que ele a amava e teria se tocado de que ele estava interessado na índia.
E pensou na sua vida. Sobre como ela era limpa e brilhante. Como tudo era cintilante. E dourado.
Só que, a partir de um momento, fica quase impossível que Ben largue Sara, suas mentiras desnecessárias só fazem que ele se dá mais mal no futuro, mesmo que, no começo, tivesse boa intenção nos encontros com Shadi. Não que não tivesse depois, mas ele sempre juntava a fome com a vontade de comer. E se encontrava com ela para poder contar as novidades sobre a morte do seu irmão, como também para trair sua noiva.
Os personagens, na minha opinião, são bem reais. Não deu para sentir raiva de Sara, já que ela foi apenas bombardeada com as coisas da vida e nunca planejou o que chega a acontecer com ela, os personagens realistas fazem com que a trama seja mais realista dando consistência e mais emoção ao livro, fazendo-nos pensar que quem sofre tudo isso sejam pessoas reais.
A capa deste livro é um absurdo de linda, verniz localizado e todo esse brilho. A diagramação é simples, mas a moleza e a leveza dos livros da Novo Conceito são apaixonantes, dá para lê-los sem precisar ficar apoiando nas pernas ou na mesa, só que mesmo assim eu cansei, porque, Um Mundo Brilhante é um livro para se devorar, pois não dá para dormir com todo esse enredo maravilhoso.
A escrita da autora é bem simplória, ela tem muito êxito na narração em terceira pessoa, uma vez que gosta de contar histórias anteriores ao livro de alguns personagens especiais, assim como sabe resumir algumas coisas que não foram passadas totalmente no livro de forma que nos encontramos imaginando a fala e o jeito como aconteceu mentalmente.
Concluindo, eu recomendo bastante esse livro se você gosta de tramas realistas, confesso que pouco tinha contato com esse tipo de livro que não chega a ser semelhante aos livros do Nicholas Sparks porque, apesar de tudo, o romance não é a base central de tudo, é só o que liga os personagens principais. O livro de T. Greenwood vai muito além do puro romance incorpora a questão do ódio étnico que foi muito bem abordada, por sinal. Recomendo bastante, se gosta desse tipo de livro é um prato cheio!
— Duvido que isso aconteça.
— Por quê? — perguntou Ben, embora soubesse qual era o motivo. O que é que Sara havia dito a Melanie? O que ela sabia?
— Você cavou a sua cova, Benny — disse Melanie, dando-lhe um tapinha nas costas e sorrindo para ele, com os olhos cheios de pena. — E acho que agora vocês dois estão deitados nela.
10 / 10
Justificativa: Um livro espirituoso, de bom enredo e realista.