27.4.14

DIGA AOS LOBOS QUE ESTOU EM CASA, Carol Rifka Brunt


Eu ainda não sei muito bem o que sentir depois de terminar Diga aos lobos que estou em casa. Não sei mesmo, esse livro foi uma experiência tão diferente, inexplicável. Não é um livro muito grande, mas eu demorei muito tempo para terminá-lo. Ao mesmo tempo em que eu não ligava de estar demorando porque estava curtindo o livro e quando terminei senti como se um peso tivesse sido tirado de minhas costas, como se tivesse acabado de voltar de uma viagem, completamente exausto, mas muito satisfeito com a jornada. Não sei se deu pra entender, mas a história desse livro baseia-se em June Elbus. Uma garota de 14 anos, extremamente introspectiva, que sonha em viver na Idade Média e só tem um amigo. O seu tio. Este, por sua vez, é um artista que morre de AIDS e antes de partir pinta um quadro com June e sua irmã Greta, com quem a garota tem um relacionamento complicado. Sentindo-se bem sozinha, June está desesperada para ter Finn (seu tio) de volta e descobre uma maneira bem improvável de poder descobrir mais sobre ele. Como disse no começo da resenha, eu demorei para ler, mas mesmo demorando mais do que o meu tempo comum de leitura, eu poderia dizer que devorei este livro. Fiquei absorto na história por todas essas semanas e seria muito incomum dizer que acabei adquirindo um pouco da personalidade da personagem principal? Mérito total da autora, com certeza. Sendo guiado pela primeira pessoa, somos reféns da mente de June e da divisão de capítulos que vai cada vez mais acumulando mistérios conforme o enredo vai crescendo, algo que acontece bem gradativamente. Não bastasse ter ficado tão observador e introspectivo quando a June nessas semanas, da metade para o final, acabei com um sentimento de sufocação literária. Sensação de claustrofobia causada pela trama. Visualmente, é como se estivéssemos na cabeça de June, por muitas vezes gritando para que ela dê segmento a uma conversa real, para que se aprofunde naquela migalha de assunto que é jogada ao leitor. É impressão minha ou ficou um mistério por resolver? Algo que estava me mordendo de vontade de descobrir não foi solucionado e isso me decepcionou um pouco. O tempo todo a gente se limita ao que June acha, ao que ela pensa, ao que ela não sabe, porque Carol Rifka toma rumos tão incomuns que depois de um tempo dá pra desistir de tentar adivinhar. A tradução está cheia de erros e não sei se isso será melhorado nas próximas edições ou não, mas espero que sim. Também devo ressaltar tamanha delicadeza com que a doença é retratada neste livro, como a personalidade de June, os outros personagens como Greta, os pais dela e Toby são levados para o papel. Sem dúvida, ela tem muita habilidade e sabe o que faz. Diga aos lobos que estou em casa foi mais do que uma leitura, foi uma experiência. E não sei se foi só comigo, se vai acontecer com você, ou seja já aconteceu com os outros leitores mas esse é daqueles livros que terminamos com uma mensagem e com uma sensação de dever cumprido. Sem dúvida alguma, recomendo a todos. 

4,5/5

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