Um homem de beleza
extraordinária, de nome Dorian Gray, torna-se o objeto de inspiração para o
artista Basil Hallward. Encanta-lhe, não apenas as feições angelicais e
inocentes de Dorian, como sua personalidade imaculada e gentil. Depois de,
contra a sua vontade, apresenta-lo a seu amigo, Lord Henry, ele acaba por
presenciar o que mais temia. Sua corrupção. Dorian começa a se tornar um homem
egoísta, que venera a própria aparência e a si mesmo. Com medo de que algum dia
fosse perder a beleza, tudo o que ele deseja é ser jovem para sempre e, sem
querer, isso acaba se tornando realidade. O retrato que Basil lhe pintou passa
a sofrer as consequências do tempo, enquanto ele preservará sua glória, como
tanto queria. Porém, Dorian acaba vendo de perto que além de mostrar seu envelhecimento,
o retrato também mostrará a degradação de sua alma. Ainda estou extasiado com
esta leitura. Sempre quis ler O Retrato
de Dorian Gray devido à sua história que chama a atenção de qualquer um,
principalmente tendo sido escrito no século XIX. Oscar Wilde surpreende
mostrando, num livro muito ousado para sua época, a corrupção do ser humano em
decorrência da valorização da beleza e de influências exteriores, além de pôr,
dentre as páginas, inúmeros questionamentos acerca do que é moral e imoral.
Declarações essas que, na maioria das vezes, sai do personagem Lord Henry, que,
pra mim, foi uma das causas para que Dorian se modificasse. Ele tem sempre uma
fala que questiona o ser humano em si e os hábitos da época. Com opiniões
duvidosas sobre a mulher e outros assuntos. Dorian
Gray foi um livro que me consumiu, porque, mesmo tendo um começo que me
causou estranhamento, fluiu de forma surpreendente para um clássico,
encaminhando-se para um enredo perfeito, com fases que nos relatam exatamente
as mudanças do protagonista. Fiquei encantado. Como nenhum livro é perfeito,
classificaria o capítulo 11 como o calcanhar de Aquiles deste. Ele deveria
retratar uma passagem de tempo, porém é mais como uma viagem por descrições
exageradas do autor que pouco dizem ou pouco importam, bem desnecessário, mas
perde quando comparado às outras partes do livro. Dorian começa como um
personagem quase que coadjuvante e depois torna-se o centro de tudo, causando
diversas reações em quem está lendo. Mesmo com inúmeros personagens que
aparecem ao decorrer da leitura, esses três – Dorian, Basil e Henry – levam o
livro, pois são os mais importantes para a trama. A aparição James Vane foi bem
previsível para mim, e não fiquei nem um pouco surpreso quando em determinado
ponto da leitura ele ganhou sua importância. O desfecho não é muito conclusivo,
porque a história não foi feita para ser conclusiva, acredito. Depois de ler,
acabei com o pensamento de que a corrupção, mesmo que remediada, está dentro de
todos nós. E esses remédios podem servir ou para escondê-la de nós mesmos ou
para apaziguá-la. Nos corrompemos todos os dias, por diversos motivos. O que
fazemos, o que desejamos, não tem volta. E a verdade é que temos que aceitar e
viver com isso. Sendo o primeiro
clássico que li, foi uma surpresa e tanto. Terminei e fiquei pensando sobre, o
que sempre é bom. Por favor, quem estiver lendo esta resenha, sinta-se
devidamente recomendado.
4,5/5
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