Editora: AG Book
Autor: Erik Dellatorre
Título original: Possessão
Páginas: 125
Tempo de leitura: 2 dias
Eu terminei esse livro bem rápido. Ele chegou até mim por um booktour que o próprio autor está fazendo
em seu blog e tinha grandes expectativas acerca do livro. De primeira, sua quantidade da folhas me desanimaram, mas eu continuei.
Possessão conta a história de Daniel Norton, um garoto que marca de, no final de semana, visitar a chácara de sua tia com os amigos. Mas, ele não espera que vá começar a ter ataques que primeiramente são diagnosticados como dissociação de personalidade, mas pode estar bem além disso.
Sinceramente, eu me decepcionei em diversas formas com esse livro. Primeiro porque a sinopse dele dá a entender que o livro seja algo grande e enxuto com bastante história e detalhes sobre possessão. E segundo porque parece ainda ser um rascunho do livro original. Os acontecimentos são rápidos demais e Erik dá poucos detalhes para as possessões, a não ser a final.
O livro em si, é bem sem noção. E tem várias coisas impossíveis ou que são muito não-coerentes. Como por exemplo, o nome do personagem. Daniel George Norton, ok, então a família é estrangeira ou alguma coisa assim. Mas... A mãe dele se chama Piedade. O nome da tia de Daniel é Petúnia (o que fica muito estranho, pois esse é o mesmo nome da tia do Harry Potter).
Outro erro que pode ser encontrado no livro é que com menos de dezoito anos, o personagem Thomas consegue dirigir para fora da cidade. Como? Em uma parte, Daniel é internado como se tivesse mais de dezoito anos, o que seria impossível, pois sendo ele de menor teria que pedir autorização para a internação. Em um momento, o nome do Thomas vira Tomás. E o sem noção beira o irreal quando os três jovens aparentemente matam um homem e pouco ligam para isso.
Na minha opinião, as possessões foram muito mal exploradas (é bem irônico, já que o livro se chama "Possessão" e esse é o tema central do livro). Só do começo até a página setenta, ele tem pelo menos três possessões e nada disso é muito detalhado. O livro é bem corrido e coisas que poderiam integrar mais páginas do livro acabaram tendo pouca importância.
Eu não faço ideia se no meu primeiro livro eu errei tanto assim, mas sei o quanto é ruim ser tão criticado como estou fazendo. Mas eu tentei diversas vezes gostar desse universo criado por Erik, ele não funcionou de forma alguma para mim. Porém, creio que alguns erros tenham sido corrigidos porque segundo o próprio autor, uma segunda versão já foi feita, mais bem revisada acredito eu.
Os personagens são bem superficiais.O objetivo de um protagonista é criar o máxima de empatia com o público e assim como a trama, Daniel me pareceu superficial demais e suas atitudes não condizem com todo o esteriótipo que ele apresenta. Isabel e Thomas são igualmente superficiais, assim como o doutor, o padre (Um exorcista que conhece o papa, numa cidadezinha em São Paulo? Como, também, uma igreja com sinos e que mais se parece com uma igreja do centro, nessa tal cidadezinha.
Eu sei que deve ter sido um desafio para Erik criar uma história concreta durante um curto espaço de tempo, isso é sim uma coisa bem difícil para autores que não queiram deixar suas histórias rápidas demais. Ele não conseguiu impedir isso de acontecer e sua história ficou sim bem corrida, o enredo está cheio de erros e parece que o autor dá mais detalhes da aparência dos personagens (detalhando exaustivamente cada aparência assim que os personagens aparecem pela primeira vez) do que escreve sobre possessão.
O autor poderia ter inovado. Trazendo pela primeira vez uma história de Possessão para o Brasil e também, de certa forma, trazendo ao universo Jovem Adulto, ao colocar em uma trama adolescente. Poderia sim ter sido mais bem explorado, o que sente um possuído, o que sentiam seus amigos enquanto estavam vendo o amigo naquele estado... Parece que Dellatorre teve preguiça em continuar escrevendo e decidiu encurtar a história, indo mais rápido para o fim.
Sua tentativa de humanizar Lúcifer, criando um diário para ele, poderia ser ousadamente bem usada e faria do livro um diferencial. Mas foi outra coisa que não funcionou. A ideia de Lucifer ter um diário que se atualiza a toda vez que ele "escreve/ tem um plano novo". Fala sério! E no começo ele tem uma dedicatória a quem "o segue e o adora", e ainda diz que irão se "encontrar no inferno". É tudo muito nonsense.
Bem, pra quem assistiu ao filme "O Último Exorcismo", o fim do livro é muito parecido, assim como a parte em que Piedade e o padre João vão à Itália parece-se com "O Ritual", os dois filmes de exorcismos e que poderiam ter sido como leve inspiração mas acabou tendo cenas idênticas. Apenas uma dica para quem não viu esses filmes e vai ler o livro: A cena da floresta e da descoberta do envolvimento de conhecidos = O último Exorcismo. Padre sem licença/ Meio cético em relação ao exorcismo e o recrutamento de padres para exorcistas = O Ritual.
E, vamos combinar, como uma mulher que não tem uma habilidade financeira ótima e nunca andou de avião consegue tão rápido uma viagem para a Itália. Piedade apenas fala para o Padre na hora em que ele diz ter perdido a licença que ela irá com ele para a Europa como se fossem para outra cidade. Algumas coisas soam totalmente fora de contexto, parecem ter sido escritas com pressa e sem muita pesquisa, o que teria deixado o livro muito melhor.
Para finalizar com críticas, Possessão é um livro que deveria ser reescrito. Muita coisa tinha que ser mudada: Mais pesquisa, personagens mais carismáticos, mais coesão nos acontecimentos, menos cenas idênticas à de filmes de terror com o mesmo tema. Isso deixaria o livro fantástico. O primeiro deixa muitas pontas soltas para o segundo Anticristo que parece que vai ter um enredo bem parecido com o de um filme de terror com o mesmo nome, não sei se quero ler, a leitura do primeiro já foi tão traumatizante.
— O que é, padre? — Ela pressionou curiosa.
— É o diário do diabo — Ele disse abaixando a cabeça.
1,5/10
Justificativa: Um livro mal escrito. Com enredo superficial e personagens nada carismáticos.