1.11.11

Resenha: Julieta Imortal - Stacey Jay

Julieta imortal
Editora: Novo Conceito
Autor: Stacey Jay

Ano: 2011
Título Original: Juliet Immortal
Páginas: 237
Tempo de leitura: 15 dias

Julieta Capuleto não tirou a própria vida, assim como nós conhecemos. Ela foi morta pelo amado e amante eterno, Romeu Montecchio, para conseguir a imortalidade e acabou se tornando uma imortal também. O trabalho de Julieta é combater os Mercenários, um grupo de almas que corrompe os humanos, contra o amor.

E agora, mais uma vez, ela está cara a cara com seu inimigo Mercenário, Romeu, e tem de salvar mais duas almas gêmeas. Mas, e se ela quebrasse as regras? E se apaixonasse pelo homem que tem de proteger junto a outra mulher? Seria possível ela amar novamente? Pode uma pessoa ter duas chances no amor?
Ela lutará pela luz, e ele pela escuridão / Lutando por séculos pela doce centelha do amor / Sempre que duas almas se amarem de verdade, vocês os encontrarão / A corajosa Julieta, e Romeu, o desertor. (Cântico Italiano Medieval, autor desconhecido)
No início, começar a ler Julieta Imortal foi um desafio para mim. Não conseguia encarar o universo da autora, não conseguia pôr na cabeça que o Romeu todo romântico da história de Shakespeare tivesse matado a Julieta. Esse é o grande trunfo de Stacey, uma obra simples que beira à genialidade, mas que por alguns pontos pode perder um brilho original.

O livro não mostra, em parte alguma, a cena completa da morte de Julieta, quando ela mesma se apunhalou ou deixa claro que isso não aconteceu. Como disse, de uma forma simples, a obra é genial, com uma ideia perfeita mas que foi seriamente mal aproveitada para poder dar lugar ao típico cenários dos Young Adult de hoje, o high school (ensino médio).
Morrer é fácil. Voltar é muito mais doloroso.
Para mim, pelo menos para mim. A história de Romeu & Julieta sempre foi um sinônimo de poesia, sutilidade e romantismo. O livro traz um pouco disso em seu contexto e mitologia, mas peca muito por mostrar demais cenas de colégio e normalizar as características dos demais personagens. Não que eu quisesse-os caricatos, mas noto alguns desvios.

Por exemplo, Romeu é o cara mau que não liga para nada, cruel e imortal. Não combina com ele ter de voltar ao colégio, Julieta teria que voltar para fazer o papel de sua hospedeira humana, Ariel, mas por que diabos Romeu conviveria com os adolescentes quando podia agir de uma forma maior, fora da escola? As cenas do teatro e do depósito me fazem lembrar de Não sou este tipo de garota.
O amor verdadeiro não pode competir com a queda. É uma escalada pela face rochosa da montanha, um trabalho árduo, e a maioria das pessoas é egoísta ou tem medo de tentar. Em seus relacionamentos, poucas chegam ao ponto de chamar a atenção da luz e da escuridão, de comprometer-se com o amor apesar dos obstáculos, ou tentações, que surgem no caminho.
Também não gostei do enredo devagar, você tem a mínima impressão de que Stacey colocou a escola só para tapar os buracos da falta de acontecimentos, ficamos presos a cenas mal distribuídas que poucas vezes conseguem nos deixar com o coração na mão, pois acontecem, dão o susto, e logo depois se acalmam voltando a uma mesmice, um drama de Ariel, Julieta, Ben e Romeu. Ah, e também tem a Gema.

Por outro lado, tenho muito o que agradecer aos personagens princupais. Julieta/ Ariel e Ben. Os dois têm um romance lindo, proibido, assim como foi com Julieta antes, só que esse amor ultrapassa as barreiras da morte e da vida. Ela foi designada a protegê-lo, manter a chama do seu amor pela melhor amiga, Gema, acesa. Mas, Julieta acaba se apaixonando por ele e ele por ela. Mas isso não pode acontecer, se Julieta deixar que sua melhor amiga fique de fora do romance, ela pode morrer ou virar uma Mercenária.

Olhando por esse mesmo lado, o livro levanta a questão do mal e do bom. O conflito, por sua vez, está sempre ali, prestes a estourar o que cria um clima ótimo de drama, romance e a poesia que esperava desde o início, todas as coisas vão se justificando, a trama vai se afunilando, os acontecimentos ficando mais rápidos, tudo vira um caso de vida ou morte. Tudo acarretará em algo muito maior. Deve Julieta continuar com o perigoso amor a Ben?

Stacey fala sobre a segunda chance no amor, o que — creio eu — seja um retratamento de sua vida. Já que ela é esposa de um homem antes viúvo. Ou seja, a todo momento, a Julieta fala sobre amar duas pessoas em uma só vida. Ao mesmo tempo que se pergunta a existência do amor ou se amou de verdade Romeu o que, definitivamente, não é a mesma coisa que agora sente por Ben.
— Não existe inferno — diz ele, apertando os lábios. — Há apenas a Terra, as sombras e os lugares para onde vão os espíritos superiores, onde nunca nos deixarão entrar.
A partir do momento em que percebi as questões implícitas, passei a olhar com bom tom para Julieta, além de poética, a obra se mostra romântica e individual. Ao mesmo tempo, parece com a verídica história de Julieta. Fazendo-o acreditar que a maior história de amor de todos os tempos é uma farsa, assim como diz o subtítulo.

A autora nos mantém grudados em sua trama, gostando ou não dos elementos que ela escolhe para tratar no livro. Stacey deixa o leitor louco para saber o desfecho desta história incomum e genial. A autora escreve sem resumos, deixando cada palavra penetrar em nossa mente, fazendo-nos pensar em nossas decisões e nas decisões dos personagens impostos na trama.

Os personagens são o grande trunfo da trama, mesmo que criem um drama adolescente, gosto muito de suas personalidades, distintas e justificativas. Como se fossem pessoas de verdade, cada tem sua forma de reagir ao que Stacey cria. Tem a Gema, de quem não gostei muito, mas adorei o desfecho da personagem, tem Julieta e Ben, casal pra quem sempre torci e Romeu que me fez odiá-lo com todas as minhas forças.
Eu arranco o carro sem olhar para trás. As rodas giram em minha mente. Se ele mantiver a palavra, tenho 24 horas para ajudar Ben e Gema em minha missão: se apaixonarem e ficarem livres de Romeu. E quando terminar, tudo acabará. Talvez os Embaixadores me mandem de volta ás sombras, ou talvez meu antigo corpo me leve de volta às sombras, ou talvez meu antigo corpo me leve com ele para nunca mais voltar. De qualquer forma, estará tudo acabado.
A diagramação é bem simples. A capitulação tem um ar medieval e as letras são de fonte de Não sou este tipo de garota, a margem é um pouco afastada demais e a capitulação muito simples. Deixou a desejar. Logo com a capa, eu adorei. Dá o ar que me fez querer esse livro desde que bati meus olhos nele. Realmente encantadora.

O desfecho da obra é impressionante, tudo entra em lugar, e precisa-se prestar bem atenção para entender o que aconteceu a todos, é bastante complexo. Termina como eu queria, como pensava que o livro seria, mas depois de tudo, percebi que a escola e os outros elementos deram á obra um misto delicioso dos mundos. O que nunca tinha lido antes. A minha recomendação é urgente! Leiam este livro!
A morte é como um sono longo e silencioso em uma sala fria. Fria e úmida, com o cheiro de pedra velha e de assassinato no ar.

5/5

6 comentários:

  1. eu adorei esse livro. achei muito bom!

    Beijocas,
    Thais P.
    http://thaypriscilla.blogspot.com

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  2. Estou louco para ler este livro! A historia parece ótima! E... sabe, brincar com clássicos não me impressiona muito, mas esse me chamou atenção!
    Abraço!

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  3. Louca por esse livro, só resenhas boas :D

    Beijo,
    Lariane - www.leiturasedevaneios.com.br

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  4. Andei lendo algumas resenhas vou adorar ou não.esse é bem aquele caso, ou eu vou adorar ou não... espero poder le-lo pra chegar a uma conclusão...

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  5. Andei lendo algumas resenhas vou adorar ou não.esse é bem aquele caso, ou eu vou adorar ou não... espero poder le-lo pra chegar a uma conclusão...

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  6. Estou com esse livro aqui para ler e estou bem ansioso *-*
    Gostei da sua resenha :D

    Abraços, Anderson
    Hooked for Books

    Dá uma passadinha no blog e comenta na resenha do livro Cidade de Vidro ? Obrigado :D

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